domingo, 26 de junho de 2011

Cuidar de Você...

Quando alguém de fora não entende nosso amor, brinco que você é quem me puxa pelo tornozelo quando o caos da cidade parece querer me engolir. Ou mando buscar aquela foto bacana que fiz de você com cara de quem não tem nada a ver com minha paz. Ou peço pra voltar ao maio que cedi meu suéter marrom e fiquei na maior pompa, segurando no osso o frio desgraçado. Ali, sem querer, predisse: vou cuidar de você.

Gosto disso, parece que finalmente sei fazer como ninguém algo nesta vida. Faço questão de estar de plantão naquele santo lugar, se num dia cheio de ambulâncias, buzinaços, marmita, cordões de isolamento, betoneiras e esporros desenrolam um fio de impaciência no teu dia, se a usual alegria recolhe a mão, se a tristeza vira um pedacinho teu.

A chave (que você sempre esquece) na fechadura é tua dor se debruçando em qualquer coisa que não pareça um buraco negro sem fim. Me alegro em pensar que meus braços parecem um tanque de calma que você mergulha quietinha, trêmula, menina. Fica ali, aninhada, lavando as manchas da alma, respirando baixinho minha serena confiança de que tudo fica legal, como se meu peito fosse o último tubo de oxigênio de todos os ambulatórios do planeta.

Sou teu ar, a paixão juvenil que nunca teve, teu anjo, teu sonho, teu fogo, aquele ursinho que caiu no poço quando era uma guriazinha esguia. Tem dias que cuido das tuas costas, outro cuido da bata rosa que adora usar e não sabe passar a ferro, outro cuido do teu mundo perfeito, do filme que vai passar, do teu banho, do teu bastante caldo de feijão com pouco sal, das tuas havaianas 37, encardidas, pretas, perdida na varanda.

Ao chegar mais ou menos pelas dez e meia da noite, quando se apagam as luzes da varanda, quando paira a brisa outonal, quando já compensei todas as merdas do mundo fazendo tudo ou qualquer coisa por você, é a hora que a gente se basta, se encontra sem saber que braço é de quem, pra finalizar o dia com algum aconchego, algum prazer.

Ali renovo outra vez que sempre estarei lá, aqui, do lado da calçada onde passam rasantes os carros, abrindo a lata de atum, medindo gotas de tylenol na colher de sopa. Mas sem palavras, só com os lábios mornos procurando tua nuca no escuro dizendo que vou cuidar de você. Aí, minutos antes de você tapar os olhos de mel e recolher o último sorriso, pergunto o que seria do nosso amor se a gente não fosse tão diferente dos que não regam a rotina de poesia e chá mate leão.

As horas passam e parece até que o sol da manhã sabe que acordei do seu lado, antes de você, sem saber que braço era o meu, que fiquei um tempinho te olhando dormir de boca aberta feito nenê, antes de recomeçar todo sacrilégio com um "vem amor, tá na hora de acordar". É minha ruiva, quem ama, cuida. Será tão difícil os outros entenderem?













via cce...

sexta-feira, 4 de março de 2011

São as aguas de março...Mas meu amor é de índio...


Mais um carnaval chegando, muita euforia, muita farra por vir e por aqui muita chuva, pois nesses dias em que São Pedro abriu as torneiras lá em cima com chuva, dia e noite, neblina, garoa, neste início de mês de março, paro para pensar e refletir sobre essa coisa mansa e tranqüila no meu peito, mansa e suave....mansa e tranqüila, mas sempre mansa, sem marear...

Isso realmente me assusta pois como na letra da música, que escolhi como enredo e fundo musical dessa história de amor que hoje eu vivo, retrata exatamente como vai meu espírito, e não a batida descompassada de um axé baiano que era minha vida amorosa, com trocadilhos de nomes de acordo com a semelhança física de alguma ex paquera ou piriguete, com uma cantora ou atriz, tipo a Cláudia Raia ou a Cléo Pires, ou mesmo aquele refrão que todo mundo sem querer canta: vô não, quero não, posso não, minha mulher não deixa não, quero não, não vou não, muito ao contrário de tudo isso, não encontro defeitos, não tenho discussões, muito menos diferenças, ou semelhanças, simplesmente tudo flui...tudo se encaixa...então vou sim, quero sim, posso sim....e minha namorada confia em mim....

Ah, quanto tempo eu procurava essa paz, aconchego, entendimento e satisfação, o sexo é mais gostoso, a fantasia é mais quente, os dias de chuva acompanhados dela, sentindo o cheirinho de café fresco recém coado, com o perfume que lembra melancias frescas e aquela voz rouca no meu ouvido esquerdo que eu tanto eu gosto...

Mas vocês devem estar se perguntando: E aquele cara? E aquele humor ácido e as vezes romântico? Bem, respondo a essas duas perguntas de uma tacada só....Estou apaixonado e amando, pasmem, encontrei aquela garota que me faz suspirar, pensar numa vida a dois, dividir o mesmo teto, trocar alianças....Muitos podem imaginar e até especular, como isso é possível? Aquele cara, melhor ¨O CARA¨ , o que aconteceu?  O que faz ele estar assim?  Bom, digamos que no momento, estou feliz, e bem resolvido, encontrei uma mulher que não é perfeita, mas que me entende, me apóia e segura a onda quando precisa. 

Digamos que depois de muitas noites regadas a whisk, muitos clones de mulheres perfeitamente inventadas por minha mente criativa, esculpidas a forma e perfeição como a Larissa Riquelme, ou a Bruna Surfistinha,  mas com uma inteligência de uma Premio Nobel de qualquer coisa e Q.I superior finalmente, meus sonhos viraram realidade de uma forma real, tranqüila e totalmente normal, sem aqueles roteiros de filmes melacuecas, ou glamourosas histórias de amor hollywoodianas, meu roteiro de amor, se basta em um olhar profundo,bem no fundo dos olhos, que incluem passeios a dois, viagens, convivência, dormir e acordar juntos, uma trilha sonora calma e envolvente, todas as coisas simples que meu coração sempre buscou e só agora encontrou na simplicidade daquele jeito de mulher que voltou a ser menina ao meu lado, descobrindo o lado bom da vida, e o prazer infindável que a convivência e cumplicidade nos dá, coisas que não tem preço, só vivendo mesmo....e como sempre digo, simples assim...uma bossa que virou amor...um amor de índio...


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Só enquanto eu respirar......




O Teatro Mágico - Só Enquanto Eu Respirar 


 "O dia mente a cor da noite

E o diamante a cor dos olhos

Os olhos mentem dia e noite a dor da gente"

Enquanto houver você do outro lado

Aqui do outro eu consigo me orientar

A cena repete a cena se inverte

Enchendo a minh'alma d'aquilo que outrora eu deixei de acreditar

Tua palavra, tua história

Tua verdade fazendo escola

E tua ausência fazendo silêncio em todo lugar

Metade de mim

Agora é assim

De um lado a poesia, o verbo, a saudade

Do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim

E o fim é belo incerto... depende de como você vê

O novo, o credo, a fé que você deposita em você e só

Só enquanto eu respirar

Vou me lembrar de você

Só enquanto eu respirar





Pura poesia simples com melodia que toca e acalma....


sábado, 29 de janeiro de 2011

Num sábado.....

Cristais se quebram. Copos, ventiladores de teto, cd´s do Pet Shop Boys, se estivermos com sorte. Pessoas nunca, a não ser quando esquecem de olhar os dois lados. Mas emocionalmente falando, não. Quem sou eu pra meter o dedo na sua fossa? Ninguém. Você levou um toco e tanto, e pronto. Se machucou, ok. Dói, eu sei. Perdeu sua capacidade de amar, verdade. Ou não. Não existem verdades, apenas pontos de vista, o meu ponto....


Sei bem como funciona, quantas vezes já fui deletado do amor. Muitas. Quis quem não me queria, amei quem enganava, compartilhei unilateralmente, acreditei no sonho cinematográfico um tanto brega tupiniquim, me quebrei, levantei, desisti, contei mentiras, muitas vezes interpretei. Parece propaganda da nextel estrelada pelo Fábio Assunção, mas é só minha versão, talvez parecida ou plagiada de outro...

Você não quebrou a cara, eu não quebrei. Nascemos com a disposição natural para o amor. Falo por você e eu, não pelos bárbaros da história - O ditador lá no Egito, por exemplo. Sim, não conseguimos imaginar viver sem, sentimos saudade, choramos, compramos discos e livros por impulso, atravessamos sábados com calças de abrigo revisando filmes água com açucar - meus favoritos são aquelas que quase dão vontade de chorar, tipo umas que o cara se segura com um suspiro profundo.

Bem, como gosto disso de sofrer com pés na bunda, resolvi amar de novo, a contragosto no início, paladar típico de um desistente. Cafés da manhã românticos, passeios de mão, festas em família, palpites de parentes, distribuição de beijos e mordidas em pezinhos pequenos. Viajamos pelo mundo sem sair de casa. Sabe quando o gostoso da transa se estende ao sono abraçadinhos? Pois é. Além de brega e fisiologicamente errado, porque você se sente incomodado, sua, liga e desliga o ar condicionado e tals,, um prato cheio pra quem quer, mais uma vez, sair com a impressão de que o amor é o diabo com a garganta cortada ou um cão abandonado com cara de pidão.

Eu não estava quebrado, foi só uma interpretação, uma versão daquele ato final. Um sonho curto, ruim e mesquinho dentro do meu sonho maior, longo e aberto - apelidado de vida real, existência, a lucidez com suas esquinas e possibilidades. Eu não me quebrei, só atribui importância demais à oscilação momentânea da minha autoestima, valor demais a mim mesmo, pior, ao objeto dessa dependência psicologicamente física. Uma versão demasiado dramática do meu abandono. Fiz da minha vida uma ópera, um livro, uma grande produção.

Você continua apto e aberto ao amor. A sede não seca. Se as coisas não aconteceram é porque não aconteceram. Pretensão sua achar que se fechou, que pode decidir, dirigir sua vida. Demita sua analista, psicóloga ou psiquiatra, e olhe pros dois lados. Você só está perpetuando sua primeira experiência sobre o fim, cristalizando a primeira lágrima que caiu, como se tudo aquilo que acabou fosse realmente grande, infinito, definitivo.

O amor te feriu como fere uma flecha sem velocidade e impulsão. Ela cai no chão, você junta e enterra no próprio peito. É pena que quer despertar no outro, no próximo, no amado que se foi? Ninguém tem pena de você. Basta nascer para começar a sofrer, tudo é impermanente, não se iluda. O amor é gasoso, invisível, lendário, metafórico, um sonho. E como todo sonho é insólito, não pode ser cadeado em algum outro lugar que não o coração.

Seu coração não quebrou, pelo contrário, é única coisa que ficou intacta. Ele está lá, esperando por outrem. Como o meu, que pulsa melhor que antes. Um dia vou despertar e voltar a me abraçar com a solidão, estou sabendo. Por hora, não. Amanhã. Hoje, sigo sorrindo, chantageado pela minha versão atual. Toda manhã meu sonho acorda dentro de outro sonho. Com um cheiro de café fresco e preguiça de um sábado nublado.....























Transcrito e adaptado CME