segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Histórias sem tempo...


Escrevo quase sempre sobre certezas, ou nem sempre,  lembranças ou pensamentos que afloram como epifanias, felizes recordações. Coisas que aprendi, reaprendi, e que só agora começo a entender. Mas normalmente o meu pensamento é um enorme ponto interrogação. O que é que eu fiz? O que é que eu faço? Para que é que eu sirvo? O que vou fazer?
Sempre ansiei por fazer algo realmente útil. Ajudar pessoas. Viajar para o Japão. Escrever um livro. Ter filhos. Fazer a diferença em algo. Algo que me transcenda, que vire um legado. 
Esse é o grande ponto de interrogação, não para mim, mas para você que esta lendo isso agora. O que você fez? O que está fazendo para mudar? Qual o seu legado?
Muitas pessoas contam sua vida, suas angústias, desventuras, e até suas mazelas, como procurassem um psicólogo, uma solução imediata, ou algum tipo de droga alucinógena que desfizesse todas as coisas ruins, decisões ruins e consequências piores, digo apenas que, falo a verdade crítica, independente de qualquer grau de amizade ou conhecimento,com minhas palavras, ou meus consolos verbais (seja qual for o entendimento).Minhas crônicas são nada mais que uma forma divertida de contar minhas historias, (entendam... MINHAS!!!) reais e fictícias com humor ácido e atual, com um bom senso crítico de cada situação, tirando uma experiência inesquecível. Confesso que me assusto com comparações, com identificações errôneas e qualificações desmensuradas de tempo, espaço e contexto.
Na minha auto crítica humana, as comparações com minhas historias e até certas dualidades me assustam, pois o quando ouço certas me contarem seus relatos de vida, digo meu Deus!!! Até tento ser romântico e me inspirar, ver o lado bom da coisa, mas sempre e volta e meia o relato macabro me machuca os ouvidos. O que essa pessoa está fazendo consigo mesma, sonhar é bom, colocar em prática melhor ainda, realizar, isso não tem preço. Acho que essa é a receitinha do bolo da felicidade (se é que existe receita), mas se amar verdadeiramente, e colocar uma pedra em tragédias gregas do passado, é um bom começo, sem dramas, teatros ou jogos.
Pé no chão e uma boa dose de realidade construtiva.
Mas será que “acontecer” é mesmo isto? Ir acontecendo, ir fazendo... Que o extraordinário é um caminho e não um acontecimento?
"Viver é um presente uma dádiva, passar pela vida sem viver, simplesmente passar pela vida sem deixar um legado, filhos, plantar uma árvore, escrever um livro... Que triste isso..." 



quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Coisas de Mulher












Sem tempo...




Ao final deste tempo todo, as vezes e tão raramente, quase nunca, ainda sonho com você, E ainda foi assim até bem pouco tempo atrás, cruzamo-nos em alguma rua do bairro, vinha acompanhada com algumas crianças, e eu estático fiquei ali a observar. Nossa!!! Passaram-se muitos anos, e os anos lhe fizeram bem, amadureceram aquela beleza tosca juvenil, transformando-a em uma mulher linda, segura de sí e sua beleza, reparei nos cabelos longos e bem cuidados, o perfume ainda era o mesmo, tem coisas que não mudam, e continuei a te olhar, te seguir, a alguns metros, buscando seu olhar, seus olhos claros, e você, você olhou através de mim, com aquele sorriso branco, como se não tivesse ninguém ali, como se a rua fosse só sua, um parque de diversão em final de tarde, em uma mistura de sons distantes, imagens em slow motion, e sem parar, continuamos nossos caminhos, cada um no seu, você sem enxergar e eu invisível, como nos tempos da escola, continuamos nossos caminhos. Nada mudou...














A Superação do Amor



Até hoje, nunca vi mas já ouvi dizer que se supera um amor com outro amor. Sempre que escrevo, falo por mim, e minhas experiências pouco ortodoxas com relação ao amor e suas desventuras. Sempre me pego com essa mania besta e até infantil de querer voltar no tempo, nas coisas boas e irresponsáveis de outrora, fico imaginando como seria minha cabeça de hoje, com a minha falta de noção dos meus vinte e poucos anos. Naquela época eu queria saber como era chegar aos 40 anos, hoje eu quero voltar aos 20 em muitos momentos. Posso dizer que hoje estou muito bem, melhor do que na juventude posso assim dizer, mas seria bom se o tempo parasse de vez em quando, que pudéssemos dar um pause, mesmo porque nada dura para sempre, e o sempre, sempre acaba, e se você já se apaixonou de verdade pelo menos uma vez na vida, você sabe do que estou falando, agora se nunca se apaixonou, não sabe, nem conheceu a estabilidade perturbadora do caos anunciado, primeiro em descompassos, parecendo que o coração bate na garganta, depois aquela falta de ar e a boca seca, e uma vontade de estar e ser um, do olhar distante e próximo, das mãos se roçando, do encontro inesperado na padaria, a conversa solta na volta pra casa, coisas assim.

E depois de um tempo, uma desilusão, uma despedida, passando os dias estrebuchado no sofá,acordando as três da tarde, de ressaca, para de noite novamente se perder entre festas sem fim, bocas amargas e beijos secos de batom cor de cereja, procurando apenas pelo perfume, sensações parecidas. 
E numa dessas tardes de ressaca, achei uma camiseta sua, rasgada aonde ainda recordava sua tez alva por entre os buracos propositalmente calculados, ainda tinha seu perfume, e a duvida me assolou. 
-Ligo, ou não Ligo?
Liguei, caiu na secretária eletrônica. Repeti, De novo, na terceira vez eu de olhos cerrados torcendo, ela atendeu com o sonoro:
-O que voçê quer? Me esqueçe, não me liga mais... E desligou na minha cara. Foi como se tivesse tomado um nocaute do Hollyfield, direto no queixo...bumm

E foi o impulso necessário para entender que aquela garota linda, da pele branca e olhos azuis profundos, realçados pelo cabelo negro, como seu humor, fosse a garota com o tempo de validade vencido, que eu comi e passei mal depois, mas também foi o elixir paregórico, que me fez vislumbrar outras possibilidades. Ela não foi a primeira, nem a segunda, nem foi a última, mas foi uma grande decepção, dentre muitas, foi o produto importado, que estava estragado e que me deixou doente.

A camiseta? Eu a guardei até um tempo atrás, junto com outras coisas, cartões, agendas, fotos, presentes, dentro de uma caixinha de lembranças que, por final coloquei fogo num belo sábado de lua, e lucidez, degustando um bom bourbon, a luz da fogueira e do alívio de ter deixado algumas decepções pra trás.

Exorcizei um lindo fantasma que rondava meu sono e minhas taras...

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Anúncio da Vida Real


Tema desse post...


Em se tratando de relacionamentos, posso dizer que, você pode viver longos períodos bem animado, (diga-se com tesão), e para isso e só você não se envolver com gente afetada e estereotipada, mas com pessoas em que você se sinta bem, e sinta a mesma emoção ao contemplar os olhos e o pôr do sol sobre o mar. Alguém que você sinta que vale a pena juntar as escovas de dente, sem pensar no amanhã, no tempo, nas contingências. Para isso faça um anúncio sincero de você mesmo, enumerando qualidades que você acha importantes para alguém e para você mesmo.

Nos dias de hoje, que a futilidade ganha importância estratosférica, aonde o mais importante que o sentimento, o amor, é ter um álbum com fotos legais na balada em lugares caros e da moda, e status de relacionamento serio no facebook, aonde o imaginário e virtual, valem mais que aquele friozinho na barriga e a língua enrolada sem saber o que dizer.

No virtual, todo mundo é feliz, bem resolvido, com um ótimo emprego, a família é exemplo, tudo funciona, se tem os melhores amigos, uma vida de fazer inveja, mas tudo não passa de uma ilusão, uma peça tragicômica mal enredada por um roteirista de cabaré, alicerçada por uma vida medíocre, sem graça, com gente feia, amigos malas e na maioria bêbados, a família cheia de irmãos, primos, sobrinhos, e coisa parecida, trabalhando pra ganhar um salario mínimo, e aí me perguntam, que mal há nisso? Da minha humilde opinião, nenhum, cada um vive do jeito que quer, se ilude como quer, e transforma sua vida na droga necessária para viver (suportar) sua trajetória ou uma vida a dois.

Mas e de novo perguntam, e o amor? E o tesão? E a emoção?

O amor é uma receita complicada com várias misturas de elementos perigosos e pontos de ebulição e fusão que somadas aos fatores de pré disposição à fatalidade, destino entre outros, determinam o resultado bom ou ruim, diferente de algum tempo atrás, tudo era tão mais simples, e o teatro era cara a cara, se comprava o que se via se apalpava, e hoje, conseguiram transformar tudo em propaganda, diga-se propaganda enganosa, hoje já não se pode se apaixonar a primeira vista, precisa-se da comprovação de que o que você viu é aquilo mesmo, se não é um perfil de rede social, se a produção feita para a balada condiz com a realidade do dia a dia, e do meu ponto de vista prático se os peitos são peitos mesmo, ou silicone ou até mesmo soutien com bojo, e se o caráter se sustenta como um seio natural, ou se cai no pé como uma jaca.

Me acham exigente, mas depois de tudo isso, creio que não sou, ou acho que não sou, tenho certeza que não sou, porque exigir o mínimo, que é gostar de mim como sou e não do que podem tirar de mim, já faz uma grande diferença. É engraçado esse parâmetro peculiar dos relacionamentos de balada, regados a bebida barata. Para mim não existe fantasia, existe química, física, biologia, anatomia, e a psicologia de Freud só serve para explicar o inexplicável, o óbvio ululante e também o que descrevi de mim mesmo, como uma noticia ou tirinha engraçada, romantica, sensual e tarada, atenciosa e carente, que só se encontram, nos classificados de jornal, lá nas ultimas paginas aonde ninguem lê, em letras minusculas.




Depois de um tempo... O retorno

Música que esta rolando...

Depois de uns meses de férias, algumas (muitas) viagens, muita gente diferente (nova), algumas experiências legais, retorno ao blog, escrevendo situações cotidianas, falando sobre assuntos diversos e outras atualidades de relacionamentos e, mulheres( meu tema preferido!).

Desenterrei muitas coisas legais, histórias hilárias e algumas até broxantes. Bem chega de blá blá blá e vamos lá...

Nesses meses de férias ou como digo, dias e dias de pura preguiça mental, ócio contemplativo, e sessões de nostalgia juvenil, me fizeram relembrar algumas figuras de minha juventude como um filme de sessão da tarde, as aventuras que muitas vezes eram regadas a puro whisk, boa música ( para criar coragem, já que sempre me achei um cara sem atrativo) e mulheres... Ah sempre elas...
Ora, vocês devem estar se perguntando? Que porra é essa? O que tem a ver?

É por trás dos copos de uísque que já tomei, se escondem muitas histórias, algumas tão verdadeiras que não deram certo, outras mais falsas do que uma nota de 3 reais, não por serem falsas no sentido da palavra, mas por não valerem um vintém por sua essência tosca, que renderam historias como essa. Eu admito que houve um tempo em minha vida que me perdi, pelo meu medo, por não ter confiança no meu taco, ou pelas minhas desculpas esfarrapadas e pelo meu gosto nada convencional por paladares fortes aventuras extravagantes e nem um pouco suaves, bem diferente da minha visão de hoje. Vou pular toda essa enrolação e explicar-lhe essa parte da minha história. Mas, antes, um aviso: eu gosto de brincar com metáforas e usar delas pra demonstrar mais inteligência do possam supor entender, e interpretar de varias formas, de acordo com a conveniência do momento. E esse português rebuscado cheio de vírgulas e construções verbais não tem nada de culto, nada mais e do que um pretexto articulado e envolvendo do que eram minhas aventuras.
Eu frequentava um boteco todos os dias, eram idos dos anos 90. Era genial a visão de mulheres bonitas, de todos os jeitos, era o point da época, e elas desfilavam disfarçando a sua futilidade com um sorriso, a gana de arrumar um trouxa, e a percepção de que morrem de medo de ficarem sozinhas. Tinha também desses caras que gastavam todo o salário pagando drinks na esperança de levar uma delas pra cama. E tem os típicos canalhas bonitões que só piscavam e conseguiam a gata da noite numa bandeja. Meu tipo era mais discreto, desses observadores. Não me entendam mal, eu era mais simpático até do que bonitão e na época tinha bastante dinheiro que o sucesso no mercado pecuário pôde me render. Usava jeans e botas importadas bem na moda, com cortes que caiam bem. Toda aquela bobagem da moda fashionista que alguém comentou um dia que era legal e as mulheres gostavam. E faz muitos anos que eu não vejo a mínima graça em algum desses personagens, além do meu copo e da garçonete gostosa que o enchia, que me vagam na memoria ate hoje.
Eu não me achava nem me acho o cara certo pra falar de amor. Um ilusionista, talvez, quem sabe. Eu tinha meus encantos, e conseguia lá as mulheres que queria com um bom papo e uma forma de conduzir na dança que só eu sabia, com ritmo e molejo.. Altas, baixas, magras, esbeltas, latinas, europeias, paraguaias, todo tipo que você pensar. E você acha que eu era feliz? Era muito... ou não era nem um pouco. Eu disfarçava a maior frustração da minha vida até então, com noites de farra e amigos num apartamento bem localizado no coração da cidade, na Avenida Mato Grosso, ou nos locais da moda e pegação. Eu era um desses desiludidos iludidos da vida que nunca iriam encontrar a garota certa (pelo menos eu achava isso!) pelo simples fato de já tê-la encontrado e ter perdido a oportunidade (ledo engano). Coisa de garoto novo que não sabe lidar com a pressão do dia-a-dia e com as tensões de um relacionamento sério. Aquele medo de perder a liberdade, de se prender, de perdê-la em caso de passo em falso, uma mijada fora do pinico. Hoje em dia eu posso dizer que é tudo um bando de bobagens que a gente inventa pra não se privar de viver algumas coisas boas da vida e de quebrar a cara com elas. Eu podia ter quebrado a cara uma, duas, três vezes, cem vezes e estar com ela agora (ou não...) Ou ter me dado muito bem na conduta do relacionamento e ele ter chegado ao fim do mesmo jeito. Mas não, eu simplesmente tive medo de seguir em frente e fiquei parado la, naquela mesa. Ela seguiu.
E essa casca grossa revestida de sucesso e confiança só servia conquistar mulheres bonitas que  durariam umas poucas semanas na minha vida. Perdi o interesse por quem não me jogasse no chão e me fizesse mudar toda a minha visão de mundo (engraçado isso...). Se não for pra ser assim, não precisava nem vir. Jogos de conquista eram meu ponto fraco, mas até disso eu enjoei depois de um tempo. É aquela velha história: chega uma hora em que se não for pra ser amor, que seja nada. E que durasse tão pouco quanto uma garrafa de vodka na mesa de um alcoólatra. Não sou romântico, não. Longe de mim. Sou mais um homem que resolveu contar, uma parte decepcionante e enriquecedora da vida a vocês, em que a maior desculpa da minha vida era que não servia para relacionamentos (ou não servia até alguns anos atrás). Eu sirvo se for com quem também me serve da maneira certa (mudei muito...). Meninas bonitas seriam apenas meninas bonitas depois da festa, e uma doce lembrança de conquista em um caderninho. Mas e tudo aquilo que interessava? Aquela preocupação em atender um telefonema ou mandar uma mensagem bem escrita. Tudo aquilo que era fundamental numa relação que não encontrava em mais ninguém? Acreditem, não estou comparando meus relacionamentos com o que ela, e outras foram em minha vida. Só digo que ela, (e também todas as outras..) me estragaram (melhoraram...) pro mundo. E eu sou e vou continuar sendo (...) sempre aquele cara com que não se tinha a possibilidade de futuro nem de um presente breve. Hoje vejo que tudo isso são cicatrizes de guerra, marcas que exibo com um certo orgulho hétero...
E pode confiar em mim. Existem e sempre vão existir mais alguns caras sentados em bares ao redor do mundo, rindo da vida, destilando a imagem do sucesso e da felicidade. Eles se sentem mais vazios que o meu copo naquele momento de mais de vinte anos atras. Caras como eu eram, e ainda são mais comuns do que vocês imaginam. E mulheres bonitas ou não,  também continuam sua historia de batalha, exibicionismo e conquistas em busca do amor, ou de um besta para lhe bancar as contas. 

Ah tempos bons eram aqueles...