sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Se liga garota, ele só quer te comer...






Você conheceu um cara incrível ontem na balada. Ele é amigo do namorado da prima da sua amiga da boate. Não importa, ele gostou de você, gostou do seu batom vermelho, do seu riso debochado, quase sem graça e do cheiro que sentiu quando você chegou perto pra dar um ‘oi’. A malícia nos olhos dele deixou claro que ele sabia o que o seu oi significava: você queria fumar um cigarro, nua, na janela do apartamento dele, enquanto ele adormecia, exausto e satisfeito, com os seus gemidos ainda ecoando no quarto desarrumado.

E você – cujos olhos têm malícia também – soube ler no sorriso dele que ele queria mesmo arrancar sua calcinha no final da noite, sem ter que pedir seu whats, nem conhecer sua mãe, nem saber qual é o seu prato preferido e nem te chamar pra jantar no sushi da moda.

No fundo, no fundo – e do alto da sua safadeza genuinamente inocente – pouco te interessa se ele vai ligar no dia seguinte; não te interessa se ele ronca ou peida, porque você vai sair de fininho quão logo estiver saciada. Vai fechar a porta devagar e pegar o primeiro táxi. Sem deixar nem um bilhete na geladeira – porque, pra você, foi o suficiente. O agora valeu a pena e não precisa ter depois.

E quando você está quase absolutamente convencida do seu direito de fêmea independente cheia de idéias – pensando bem, não é um direito, é uma vontade mesmo – de querer só sexo casual, a sua amiga politicamente correta e entediante até a alma, fala alto no seu ouvido (por causa da música contagiante, que seria capaz de te salvar de ouvir aquela asneira): “Cai fora, ele só quer te comer!”

Ele só quer te comer. Como se você tivesse saído pra a noite, com a sua micro calcinha recém comprada e suas boas doses de tequila pra procurar um casamento. Um cara que tivesse um bom emprego e uma mãe menos chata que as sogras que você já teve. Que bebesse pouco e quisesse ter filhos, que não roncasse e também quisesse uma lua de mel em Veneza – porque qual mulher não quer uma lua de mel em Veneza? – ah, é, você não quer. Você só quer transar – e qual é o problema nisso?

Então, junto com essa nossa tão sonhada e, pouco a pouco conquistada liberdade sexual, deveria vir um manual de instruções sobre como se livrar da hipocrisia (e como ensinar isso às nossas amigas certinhas). Pra que toda mulher que quer sexo casual compreenda que não há nenhum desvio de caráter em um homem que quer só sexo casual. E isso quer dizer que não há nada de errado no fato de ele só querer te comer, desde que isso fique claro pra você – é como um ‘li e aceito os termos de uso’ – ninguém engana ninguém e os interesses coincidem.

Então você aprendeu que não há nada de errado em querer sexo casual. E não há nada de errado em um homem só querer sexo casual com você – isso não te faz uma biscate. Isso não significa que você não é digna de alguém que te dê mais que sexo: Pode significar – e significa, muitas vezes – que você simplesmente não quer alguém que te dê mais que sexo. E então, depois de jogar toda a hipocrisia na primeira lixeira pública, encha o peito pra responder à sua amiga politicamente careta: – Ele só quer me comer?! – ótimo. Eu só quero comê-lo também. Segue o baile...

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

NÃO VAMOS ESTRAGAR AS COISAS...




Nos esbarramos num show desses por ai, eu derramando toda minha cerveja em você e você me xingando estatelada no chão, mas quando nossos olhos se cruzaram, quando lhe estendi a mão para te levantar, foi como se tudo estivesse parado em nossa volta e só existisse eu e você, e ficamos ali, nos olhando, como se a toda hora, desse um replay, de um monte de sensações. Parecia um reencontro, muita coisa em comum, e uma ânsia de descobrir mais e mais coisas dela. Só me liguei quando ela disse “foi tudo tão bacana, que não quero estragar tudo trocando telefones e-mail, essas coisas” eu não soube o que dizer, nem agi, nem dei um último beijo, cai num precipício e fiquei mais constrangido com essa conversa do que com as outras coisas sem noção que fizemos na frente do palco, na frente dos amigos dela, no meio daquele amontoado de gente. Você está certa, garota de olhos verdes, saia de hippie, sandálias de couro que davam pra ver seus pés bem feitos, e uma jaqueta de couro surrada. Eu queria tanto, mas tanto que a gente nunca sabe se vai durar uma noite ou uma vida toda. Uma vida toda pode ser três décadas, três anos, três meses, três dias ou, como no nosso caso, apenas três horas no meio de um memorável show de rock...Olha, não sei o que dói mais. Quando acaba, quando sentimos que acabou, quando a gente precisa cair na real que acabou e já faz tempo, ou que nunca começou...

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

MANIA DE AMAR...





Sempre fui muito tímido nas coisas do amor. Desde guri, sempre fui o último a ser escolhido, desde gurias, até o time de futebol. Sempre olhei muito, observei, e muitas vezes "lambi com a testa e arei o chão com o chifre" como dizem por aqui. Sempre tive muito medo de escutar um sonoro não, e fui contraindo meu coração e minha alma, como uma mola, e para dilatar uma alma contraída não existem muitas opções. Só duas coisas são capazes de me arrepiar : um toque seu carregado de ternura ou uma harmonia de um belo solo de guitarra. A única coisa que realmente importa, acontece no pátio em intervalos, em cantos escondidos, e em tantos outros lugares, menos nas salas de aula, com teorias sobre o sexo dos anjos. Seja qual for a história, o enredo, ou se houver uma canção narrando sua situação, e que você pense que seja o roteiro da sua vida, não importa o que disserem ou o que estiver escrito. É amor. Amar é alegria sem motivo, é sofrer choque térmico quando chega a hora de dar tchau, é implicar com o jeito do outro, brigar no meio da rua, pegar na mão, e fazer as pazes ali mesmo. Amar é brincar de briguinha e brigar por nada,  é dizer que vai amar pra sempre, mas como dizia a canção, o pra sempre, sempre acaba... Amar é dar beijos e cheiros em lugares estranhos em locais inadequados, é beber no mesmo copo. É ter apelidos ridículos, e rir um do outro por coisas bobas. Amar é uma cumplicidade dividida a dois, e somada todos os dias...Então eu digo: Quantas chances de viver loucuras memoráveis,  a gente desperdiça com essa mania besta de pensar e amar?

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Pede qualquer coisa, menos o esquecimento...






E durante algumas discussões sobre a vida, sobre nós e o destino do mundo, a ração do cachorro chato e pentelho, que você insiste em trazer para meu apartamento, você explode enfiando os dedos nessa cabeleira solta e ainda úmida do banho...Grita e esperneia soluçando. Fica aí então no meu sofá, bufando mais um pouco, roubando o oxigênio da minha esperança, que se afoga em cada gota de lágrima. Fica aí e me pede qualquer coisa, água, wisk, fala qualquer coisa,  pede meus pés para caminhar, ou mais um pedaço de pizza, ou um strip-tease, ou me pede em casamento. Não me dê conselhos, nem diga para eu esquecer todos os momentos legais, intensos e até um pouco cult de nós, os livros e discos de vinil... Não quero ter recordações. Não quero ir em festas. Não quero assistir futebol. Não me pergunte as horas, o último relógio voou numa parábola com destino ao lago de um parque qualquer. Não me crie teorias a respeito de nós, do que fomos e o que nos tornamos. Não me lembre do seu afilhado. Não pense sobre onde está indo isso, e que rumo vai tomar. Não ligue pra sua mãe. Não fale dos seus medos. Não ame mais ninguém, que não seja eu, engolindo junto com teu choro desesperado, as lagrimas salgadas dessa despedida....